A rua é onde os amigos se sentem à vontade para por o assunto em dia. Geralmente os grupinhos são formados só por homens ou só por mulheres. Costumam brincar que é o grupo do "Bolinha" ou da "Luluzinha". Nessas reuniões rolam todos os assuntos. Pelo menos não tem ninguém do contra para interferir nas conversas. Na rua é papo reto! Os amigos riem, falam alto, usam palavrões e terminam a reunião geralmente numa boa.
Lembro que tempos atrás as ruas eram usadas para uma "pelada" - jogo de bola com direito a quebra de vidraças e torcida da vizinhança pelas janelas. Não sei dizer o porquê a vida parecia mais simples, sem complicações. Hoje conversas de rua viraram cuidados dobrados. Só se fala em violência, preconceito racial, perseguição e desassossego. As crianças não se importavam de serem chamadas de "neguinho" ou as amigas de "minha preta". Tudo era mencionado com carinho e todos se sentiam abraçados. Agora é difícil até para os rapazes e moças afrodescendentes. Eles precisam provar a cada esquina que não são marginais. Generalizam tudo e todos. Meus filhos sempre trouxeram para casa amigos de todas etnias. Para nós, somos todos iguais, braços dados ou não como dizem os versos da canção.
Queria muito poder manter conversas de rua "caminhando e cantando e seguindo a canção, aprendendo e ensinando uma nova lição".
Conversas de rua são como voltar ao passado e deixar as lembranças envolverem nossos corações com a saudade dos velhos tempos.
Tema: Conversas de rua.