O jardim do casarão do fim da rua tinha ares sombrios. Abandonado, cheio de folhas secas pelo chão, vegetação brotando nas paredes escuras, limo por todas as frestas, janelas fechadas com falhas nas treliças dando a impressão de olhos espreitando os transeuntes. Nem os moradores de rua ousavam invadir aquele casarão! Corria um boato que era mal assombrado. A verdade é que por questões familiares, os herdeiros não chegavam a um acordo, e assim o tempo corria e o imóvel ia se deteriorando.
Um dia, Lia e o seu namorado Caio, com idade onde os hormônios estão efervecendo, resolveram pular o portão do casarão para namorar escondidos. Nem lembraram dos boatos que corriam soltos sobre ele. Se enroscaram na varanda, e lá trocaram beijos ardentes. Com espírito aventureiro foram explorando cada cantinho sem receio, pois estavam completamente envolvidos nas carícias. Foi aí que pisaram no tapetinho da entrada da casa e sentiram uma saliência. Abaixaram para ver o que era e descobriram uma chave dourada. Um olhou para o outro e em sintonia resolveram arriscar entrar. A chave foi introduzida na fechadura e a porta abriu na segunda volta. Escuridão, teias de aranha por todo lado, cheiro de mofo e apenas uma arca no meio da sala. O que será que essa arca continha? Trancada a "sete chaves", não dava pra saber. Foi aí que Caio lembrou que tinha uma chave micha no bolso, pois sendo filho de um comerciante chaveiro, às vezes atendia algum chamado. Chave na mão, curiosidade à flor da pele e? Arca vazia! Não sei o que esperavam ver, mas foi nesse momento que a ficha caiu e sentiram muito medo. Saíram correndo como prevendo surgir algum fantasma.
Tema: A chave.