Maria acordou pensativa. Até a natureza contribuiu mais ainda com seu estado de espírito. Num passe de mágica ela foi buscar na sua memória um verso de Ferreira Gullar: "Quando você for embora, moça branca como a neve, me leve. Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração.".
Maria deixou rolar algumas lágrimas e chegou à conclusão que estava só, sem amigos, sem amor, sem entusiasmo pela vida. Nessa meditação solitária ela foi despertada pelo toque do telefone.
- Alô? Sou eu mesma sim. Hoje à tarde? Me passe o endereço, terei muito prazer em ir ao encontro.
Nasceu uma pontinha de esperança no coração de Maria. Quem sabe nesse encontro todos os pontos seriam esclarecidos e ela poderia deixar transparecer aquilo que realmente ela é - uma moça batalhadora, firme nas suas convicções, líder e amorosa, determinada e persistente no seu comando, um verdadeiro exemplo na sua função.
Enquanto pensava como seria esse encontro, Banzé - seu cãozinho de estimação - veio lhe fazer companhia latindo e pedindo colo. Num gesto automático, ela segurou e acariciou o animalzinho sussurrando bem baixinho: "Meu queridinho, a sua sensibilidade animal faz com que nós humanos nos sintamos envergonhados por não imitá-lo com esse simples gesto de amor. Temos muito que aprender com os animais..".
Tema: Mão solitária.