A vida é feita de passagens vividas com toda energia que emana do amor. Amor entre casais, amor pela família que geramos, pelos amigos que escolhemos, pelas lembranças que cada um conseguiu armazenar na memória. Fica difícil escolher uma passagem que nos embalou mais que a outra. Se pensarmos na infância ou adolescência daria um livro. Falar com saudades dos entes queridos que partiram, também fica difícil separar um do outro, uma vez que a importância e as histórias de cada um são extremamente sentidas.
Recentemente numa festa de casamento foi preciso distribuir os convidados em mesas formadas com pelo menos 5 casais. Dentre tantas, eu meu irmão e cunhada - orientados pela cerimonialista - nos acomodamos na mesa 27. Devagarinho foram chegando os casais que completariam a mesa. Entre as apresentações e aquele clima de se juntar até então com pessoas desconhecidas, ficou bem claro que os donos da festa souberam muito bem o que fazer. Nossa mesa foi composta de advogados e suas esposas. Resumindo, eu diria que aquele encontro tornou-se familiar.
Dentre os casais estava o filho de uma amiga querida, com a qual convivi durante anos nas aulas de costura. Nunca tinha tido a oportunidade de conversar com ele. Falei das receitas que a mãe levava nas aulas e das anotações que tenho até hoje. Contei que guardo e uso o marcador de páginas de livros que eles fizeram em sua homenagem e foram distribuídos na missa de sétimo dia. No marcador estavam as orações de Santo Agostinho: "Não chore por mim" e "A morte não é nada", com a foto da mãe sorrindo de felicidade. Memórias afetivas que nos embalam e nos incentivam a viver simplesmente com boas lembranças. No final, todos ali tornaram-se amigos de infância e o filho agradeceu muito emocionado tudo que compartilhamos.
Tema: Memória afetiva