Toda vez que vejo um ser humano deitado sobre papelões debaixo de uma marquise, fico imaginando o que o levou à essa triste situação.
Me sensibilizo e dependendo da confiança que me transmitem, esboço um olhar complacente. A sociedade em geral costuma jogar a responsabilidade dessas criaturas abandonadas aos governantes do município e estado, apoiados nas leis federais. Acontece que alguns preferem continuar nas ruas, ao invés de aceitar ajuda comunitária. É difícil administrar essa situação.
Sou muito aberta ao diálogo. Confesso que tenho por hábito cumprimentar os funcionários do prédio onde resido, com um bom dia acompanhado da pergunta: "Tudo bem com você?".
E quando não está tudo bem com alguns, sou solidária aos problemas deles ouvindo-os com atenção. O mundo tem nos mostrado várias situações que servem de alerta para nos fazer ver o quanto somos privilegiados. Se não podemos assumir a responsabilidade de ajudar na totalidade, podemos pelo menos não ignorar a presença dos subalternos. Não custa nada dar um cumprimento, um sorriso, um olhar. Parece pouco, mas para esses seres invisíveis, são nesses pequenos gestos que eles depositam esperança de continuar batalhando e sonhando com dias melhores.
Tema: Invisibilidade social