Maria abriu a janela da sua sala e constatou que o dia amanhecera triste. Também, pudera! Depois de passar 40 dias ao lado da filha e do neto, teve que voltar da Europa onde moram atualmente, e retomar as rédeas da sua vida propriamente dita. Mesmo assim era preciso ser coerente. Nem todas as pessoas podem desfrutar desta pausa em suas jornadas. Outra etapa deveria seguir a rotina de sua vida. Foi bom enquanto durou!
Diz o ditado que é preciso que anoiteça, para que outro dia amanheça. A vida tem a luz que queremos dar a ela.
Maria tinha outros amores. Sua mãe a esperava com ansiedade para levá-la de volta para casa. Ficou esse tempo numa casa de repouso, muito bem amparada. Pelo menos ela sabia que seria provisoriamente. Entre as visitas que recebeu, estava a da amiga Dora de muitos anos atrás. Para a amiga, a oportunidade de analisar a própria vida foi como uma estrela guia. Durante as visitas, viu com seus próprios olhos aqueles idosos totalmente dependentes para continuar vivendo. Na volta das visitas, sentia o quanto era feliz por ainda poder reger seus própios passos. Dora comparava essa dependência como exemplo de amor ao próximo.
Enquanto isso, Maria preparava o lar para a volta da mãe. Aquela janela abriria como a alvorada e iluminaria todo o ambiente para dar as boas vindas a sua velha mãe. Os dias são dádivas em conta-gotas que recebemos pela felicidade de acordar e verificar que não existe dia sem luz, até Deus nos convidar para uma viagem sem volta.
Tema: Um dia sem luz