Penso que todo mundo tem alguma coisa que designa como de estimação. É um livro de páginas amareladas, um chinelo velho, uma camiseta de malha confortável, uma tigela de alça para tomar sopa, até uma xícara trincada. Costuma-se dizer que não se deve guardar nada rachado. Dá mau agouro. Mas, há sempre um mas, e quando você guarda um objeto e junto estão as lembranças de quem o usou? Fica difícil separar uma coisa da outra.
Dia desses alguém me perguntou na "lata": "Por que você não joga essa xícara no lixo?" - Me ofendi. Parecia que estavam agredindo a dona anterior daquela porcelana.
- Deixe essa xícara aí! Não a uso pra nada, nem mesmo para um chá ou café. Quero-a como está, exposta na transparência da porta de vidro, como um talismã a me proteger. Cada louco com sua mania, já diz o velho ditado. Logo, ninguém tem o direito de palpitar na casa dos outros, o que deve ou não se jogar fora.
Em casa só permito a voz da Sandra de Sá cantando a todo vapor a música "Joga fora", cujo refrão diz: Vou jogar fora no lixo, vou jogar fora no lixo, jogar fora no li ih ih ih xo!...
Tema: Xícara trincada.