Penso que todo mundo tem o seu dia de reflexão. Quando surgem problemas para serem resolvidos, o melhor a fazer é meditar com parcimônia. Foi assim como um paliativo, que uma pane na rede elétrica do bairro deixou todos em compasso de espera. Não sei explicar mas a escuridão "ilumina" as ideias. Sem o som da tv, sem poder carregar os telefones e o trânsito mais cuidadoso nas ruas, podemos dizer que dá para ouvir o silêncio. Essa sensação de paz faz raciocinar melhor e automaticamente ajuda.
Na escuridão nem precisamos fechar os olhos para meditar. De repente damos mais atenção aos que nasceram cegos, ao imaginarmos esse estado de escuridão perene. Foi assim que Paulo e Cristina fizeram uma pausa forçada na discussão que haviam travado antes da escuridão. Há muito não andavam se entendendo. Cobranças de ambos os lados, era a tônica de todas as noites. Foi mesmo providencial a queda de energia. Cristina tinha horror à escuridão! Perdida na própria casa, ela tateava as paredes para encontrar o caminho. Paulo, sabendo da sua fobia, conseguiu abraçá-la e o choro rompido pelo mal estar, amainou a situação. Em silêncio, os dois continuaram assim abraçados até a luz voltar...
Tema: Noite de breu.