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O efeito da cura-BVIW
 
O medo tomou conta da família de Tereza. Naquela cozinha com fogão a lenha, já não estava a matriarca como piloto. A vida precisava continuar. Mas como? Todos os filhos sentiam falta daquela avó carinhosa, que vivia fazendo quitutes para agradar seus filhos e netos. Foi assim como num estalo, que a mais nova das netas teve uma ideia - "Vamos combinar uma saída para a nossa saudade. Cada vez que a tristeza quiser se alojar nos nossos corações, vamos todas para cozinha fazer iguarias com as receitas da vovó.". Diana se aprimorou nos bolos. Lia virou craque nas gelatinas. Inês ficou a expert no arroz doce. Já Tereza, a filha mais velha se entusiasmou com a ideia e desencavou receitas mais elaboradas que exigiam talento. Foi um renascer da esperança. Quando se juntavam na cozinha, só saia coisa boa!

Um dia sem que dessem conta, estavam todas falando da vovó com naturalidade. Era como se ela tivesse ido fazer uma longa viagem. Em quase todas as histórias, os melhores papos se dão em volta de uma mesa. De preferência na cozinha. A cozinha tem o magnetismo da cura. Um chá, um café, uma água com açúcar. Pode ser também um copo de vinho ou cerveja ou até um cálice de licor. Tereza era a protagonista das novidades - "Conta aí mana, qual é a última?" Fulana separou, casou de novo, ficou doente, sarou, começou um regime ferrenho, trocou de emprego, foi morar em outro país, teve filhos, aprendeu a cozinhar e... Cá estamos nós outra vez na cozinha... E lá vem receita nova! Lógico que todas com sua xícara de café e uma travessa de bolinhos de chuva para acompanhar, enquanto anotam os ingredientes. Nessa hora a vovó deve estar feliz assistindo tudo do alto...

Tema: A cura
Daisy Zamari
Enviado por Daisy Zamari em 17/08/2021
Alterado em 17/08/2021


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Imagem de cabeçalho: inoc/flickr