Era uma noite quente de verão. Pedro e Júlia foram brincar na calçada com seus amiguinhos de rua. Formaram uma rodinha e combinaram contar histórias que provocassem medo. Cada um se esmerava mais que o outro. Chegavam até a fazer ruídos com a boca, como sopro de vento encanado querendo escapar por uma fresta - uuuuuu. Quanto mais falavam de fantasmas, bruxas e monstros, mais a roda fechava, como se todos juntos estivessem se protegendo. O entusiasmo era tanto, que não perceberam o local onde se reuniram. Estavam embaixo de uma árvore frondosa, onde os morcegos faziam seus pousos após sair para se alimentar e espalhar seus serviços de controlar pragas e insetos, importante para o equilíbrio do meio ambiente.

Em dado momento, um dos amiguinhos querendo se sobrepor aos outros, resolveu contar sua história com uma pedra na mão para demonstrar efeito de uma ação. Durante a descrição, jogou a pedra para cima e esta atingiu em cheio um galho da árvore. Não sei bem como acabou essa reunião, pois o voo dos morcegos foi tão impactante que as crianças saíram correndo do local. Assustadas, cada uma foi para suas casas com o coração batendo na boca. Efetivamente esse garoto conseguiu contar a melhor história. Duvido que voltariam fazer outra brincadeira parecida com esta.
A árvore foi marcada pelo terror e nem passavam por perto, com medo de outro sobressalto.