A brasa crepitante-BVIW
Maria Helena era uma criança que gostava de brincar de gente grande. Em pensamento, após muitos anos passados, ficou a lembrança de uma cena fotografada na sua mente. Na cozinha de um sobrado com uma escada de mais de 20 degraus, uma senhora soprava as brasas do carvão incandescente do ferro de passar. As faíscas muitas vezes subiam e em seguida assentavam no forro do pano da mesa, causando pequenos furinhos. Crianças curiosas se encantavam com a proeza daquela senhora, usando o peso do ferro quente para alisar roupas de linho engomado de uma brancura impar. Precisava ser muito experiente para não deixar que nada sujasse a roupa alva e às vezes com alguns detalhes impossíveis de desembaraçar, como pregas e babadinhos .
O tempo passou. Hoje já não se usam mais esses métodos. Veio a era da eletricidade. Maria Helena em conversa com Dora, sua amiga de infância, recordavam com saudades esse fato. Marcaram um encontro na porta de um museu, que resgatava feitos de outras épocas. Dentre os objetos estava lá o ferro a carvão. Juntas, deixaram a memória fluir e encantadas fortaleceram a amizade com as recordações. Era como se a chama daquele carvão reascendesse, impulsionando a própria vida de cada uma.
Tema: O ferro
Daisy Zamari
Enviado por Daisy Zamari em 11/05/2021
Alterado em 11/05/2021