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A volta por cima-BVIW

A tarde estava convidativa, boa para um passeio a pé. Cecília pegou seu casaco e a bolsa e saiu sem avisar ninguém. Ia pelas ruas cujas calçadas estavam cobertas de folhas secas, prenúncio de um inverno chegando, pensando em tudo ao mesmo tempo. Mas a memória insistia em trazer de volta coisas que poderiam ter sido diferente. As perguntas sem respostas variavam como um sentimento de missão interrompida. Sem sentir ela se viu na porta daquela que a deixou sem nenhuma explicação. Por quê fora desprezada? O que teria feito de tão absurdo para a quebra repentina da amizade sólida que haviam construído? Parou de súbito em frente a casa e tocou a campainha. Uma criada veio atender e Cecília perguntou: A Ruth está?
-Sim, a quem devo anunciar?
-Cecília, amiga de infância.

Quando se encontraram frente a frente, as lágrimas brotaram naturalmente e sem dizer uma palavra se abraçaram fortemente...
Já acomodadas no sofá, degustando uma xícara de chá, puseram tudo em pratos limpos. Foram vítimas da falsa amiga que por pura maldade jogou uma contra outra. Tudo esclarecido, resolveram de comum acordo dar a volta por cima. Foram juntas até a casa da traiçoeira e se divertiram muito com os sopapos que aplicaram na fingida que só se defendeu com os próprios braços, com cara de quem sabia muito bem porque estava apanhando. Como quem limpa as mãos da poeira, as amigas saíram abraçadas, rindo até chorar, da cara de espanto da lambisgoia.

Tema: A volta.
Daisy Zamari
Enviado por Daisy Zamari em 22/12/2020
Alterado em 22/12/2020


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Imagem de cabeçalho: inoc/flickr