As 17 horas o coletivo chegou no ponto onde eu já o esperava por 30 minutos.Nem precisava o ar condicionado,pois a chuva fina trouxe um ar fresco.Sentei-me no último banco,entre dois homens.Até que foi providencial pois o calor humano minimizou o frio dos meus braços.De repente um telefone tocou.O rapaz da minha direita atendeu.Pude ouvir o que dizia._"Sim pai,já providenciei tudo.Logo chego aí com o atestado de óbito da mamãe e poderemos dar andamento ao velório.Deixei meu irmão com a tia.Ele estava inconformado".Em seguida ,o rapaz tirou da mochila um pacotinho de lenços descartáveis e enxugou as lágrimas.Tive vontade de ampará-lo...Não deu tempo de obedecer meu impulso.Ele se levantou e desceu do coletivo.Confesso que marejei...Fiquei com uma sensação esquisita. Decepcionada por não ter podido ajudá-lo de alguma forma.Terei que conviver com esse mistério...

É preciso dizer que esse fato realmente aconteceu.Sem querer,juntei tudo e surgiu assim a minha crônica.As vezes a ocasião conspira a favor dos amantes da escrita.


Tema :Um telefonema ou um recado
          Um compromisso
          Um mistério