Todos os dias ela estava pronta para obedecer a ordem do médico:dar uma andadinha para ajudar a circulação do sangue.Nem o uso da bengala fazia essa senhorinha desistir de cumprir sua caminhada.
-Vamos menina? dizia ela para mim que (longe de ser uma menina)estava bem precisando me espelhar no seu exemplo para o bem da minha saúde.
Comecei a sentir falta dela quando passei por um período de ausência devido meus problemas particulares.
Perguntei ao porteiro :-Por onde anda D.Dora?
-Ah! a senhora não soube,ela caiu aqui na entrada do nosso prédio quando voltava da sua caminhada matinal e quebrou o fêmur .Fiquei consternada.

Visitei D.Dora ontem na UTI do hospital Ana Costa.Além da fratura ela pegou uma pneumonia como me disse sua filha Cristina.
Foi triste vê-la imóvel,intubada por todos os lados,sonolenta,sem pronunciar uma palavra .Um contraste aos nossos encontros na salinha de recepção do prédio onde batiamos longos papos.
Ainda bem que ela percebeu a minha presença.Sei que ela me ouviu.
Combinei de fazer um café com bolo quando ela voltasse para casa.
Vamos aguardar os desígnios de Deus .Só Ele sabe a hora e a vez desse nosso encontro.