Dois Carnavais---------parte 2
A coincidência dos dois domingos de carnaval,precisamente no dia 25 de fevereiro foi o acontecimento trágico que envolveu os dois irmãos,criados com muita dedicação por um casal que teve a sorte de os conceber com amor ,e passar a eles a importância de ter uma família.
Marcos é o filho mais velho.Separou-se da mulher no mesmo ano que o pai viera a falecer(1990).Passou a viver sozinho em Santa Catarina
onde trabalhava.Tempos depois ,voltou a morar em Santos ,após o segundo casamento.Sempre soube honrar seus compromissos .É responsável,trabalhador,mas muito introvertido.
Michel ,o filho mais novo,arrojado,empreendedor,bastante extrovertido.
Quando o pai faleceu segurou a barra de continuar os negócios dele e ainda deu apoio a mãe até vir a se casar e morar no seu próprio canto.
A mãe ,depois de viúva,quis muito a união mais aproximada dos dois filhos.Sentia uma preocupação que não sabia explicar.Quando pensava em falar com um dos filhos sobre o outro,a resposta era sempre em tom de deboche ou curta e grossa:"Mãe ,vc está procurando pêlo em ovo!Não há nada de estranho entre mim e meu irmão e vice versa"
Mas havia sim...Havia uma distância muito grande entre um e outro,mesmo se estivessem de frente um para o outro...
O relacionamento dos dois irmãos era formal e a convivência se limitava aos dias de festas familiares e assim mesmo com pouca entrega de sentimentos.
Mesmo a morte do pai não tinha conseguido a união plena daqueles irmãos.
Cabia a mãe aproximá-los ,daí a sua preocupação:O que deveria fazer?
Nessas horas é preciso acreditar na mão de Deus...
É oportuno lembrar os dizeres da folhinha da Seicho-no-ie do dia 25 de 2001:"Seja capaz de perceber o amor de Deus por tràs de uma tragédia"
Partindo desta premonição ,ao saber do acontecido Michel deu um primeiro passo e num gesto fraterno convenceu Marcos a se instalar no seu ap ,sem contestação.!
Começava a dar certo o plano que Deus traçara para unir definitivamente os dois irmãos...
Algumas modificações improvisadas na casa de Michel deram um lugar reservado para a família de Marcos.A filha Mariana acomodou-se no quarto da prima Isabella.Levaram umas malas de roupas e alguns objetos pessoais ,as coisas mais essenciais.Era preciso correr atrás do tempo e do prejuízo para que tudo fosse resolvido.
Nos primeiros dias tiveram um pouco de dificuldade para a adaptação.
Depois vieram a confiança e o companheirismo,as conversas informais,a divisão das tarefas e a liberdade de se sentir em casa propriamente dito.Uma aproximação de objetos ,espaços e principalmente de almas.
Foram 40 dias de convivência ,de reciprocidade,de responsabilidade mútua e muita,muita afetividade...
Meu Deus,meu Deus,pode alguém abençoar um incêndio?-Aquela mãe responde que sim!
Abençoada fatalidade intermediária da felicidade desses dois irmãos .
Abençoado os meios que Deus escolheu para balançar os ombros dos seus filhos e pedir que eles "acordassem"!!
Tudo voltou ao normal depois da reconstrução do que havia sido destruido.
Meses depois cada um permaneceu em sua própria casa ,mas com uma grande diferença:Tanto fazia a de um ou a de outro.Não dava mais para se separarem.
Com o amor que os concebeu,como as sementes de felicidade que Deus lançou no Caminho ,aquela mãe sempre soube colher frutos com igualdade,seja no grande acontecimento ou num minúsculo gesto de amor.Para ela ,paz é sinônimo de união em família.
O que restou do incêndio foram gotas de felicidade,representada até por um cãozinho todo preto que Marcos adotou ,cujo nome é Fuligem e que foi adquirido como compensação para a filha Mariana lembrar do "trágico acidente" com menos tristeza.
Uma história verdadeira para quem acredita em sonhos...
Daisy Zamari
Enviado por Daisy Zamari em 04/03/2011